Resenha: A Audácia Dessa Mulher

sábado, 12 de março de 2016


 Sinopse: A audácia é um romance sobre o amor e o ciúme, a fidelidade e a rebeldia. Construída em camadas, conta a história de Bia e Virgílio que, nos dias de hoje, se conhecem durante a produção de uma minissérie histórica para a TV e logo iniciam uma relação amorosa. Em paralelo, Bia recebe de Virgílio um diário misterioso, de uma jovem do século XIX, escondido nas páginas de um antigo livro de receitas de família. Ao conduzir essas - e outras - histórias, que se ramificam e se entrelaçam, Ana Maria Machado compõe um livro que discute o próprio ofício do escritor. Bia conhece Virgílio numa reunião inusitada. Ambos foram convidados para conversar com Muniz, um autor de telenovelas que prepara seu próximo projeto: uma minissérie ambientada no século XIX. Ela é jornalista especializada em turismo; ele, um arquiteto e dono de restaurante. Muniz acredita que suas habilidades podem ajudá-lo a criar o cenário que ele procura, mas eles não sabem ao certo como poderiam colaborar. O encontro, porém, rende desdobramentos inesperados. Bia e Virgílio se envolvem, parecem se entender muito bem, mas aos poucos a relação deles começa a ser contaminada pelo ciúme.

Ficha Técnica:
Autor: Ana Maria Machado 
Título: A Audácia dessa Mulher
Editora: Alfaguara 
Avaliação Final:  4/5   ♥♥♥♥
Lido em PDF

Minha Opinião: Tenho me aventurado a sair da minha zona de conforto e ler livros de escritores que ainda não conhecia. Com o intuito de que assim estarei expandindo meus gostos literários e meio que sem querer acabar descobrindo escritores incríveis.

Ana Maria Machado se enquadra aqui. Não tinha lido nenhum livro dela e quando li o título de A Audácia Dessa Mulher não pensei duas vezes, seria ele que iria me apresentar à escrita dela. Procurei não ler nenhuma resenha nem nada que fosse relacionado ao livro, inclusive nem li a sinopse. É mais ou menos isso que acontece quando eu escolho um livro pelo título, e creio que tenha sido a escolha certa porque se tivesse lido a sinopse não teria tido vontade de ler ele.

Tive sentimentos conflitantes à medida que fui lendo. Um misto de compreensão e aceitação com aquela velha pontada de conservadorismo.

Nossa personagem principal, Bia recebe um convite para participar da criação de uma série, ou novela, ainda não foi bem definido nem eles mesmo sabem diferenciar uma da outra. Na primeira reunião ela conhece Virgílio que também foi convido para ajudar. A série/novela se passará no século XIX, Virgílio contribuirá com relação à comida daquela época e ela de uma forma mais geral, com um olhar atento com relação os modos, a vestimenta e a forma do povo se comportar naquela época. Como Bia é jornalista especialista em turismo e escreveu livros sobre viagem, Muniz o diretor, acha que a contribuição dela será fundamental.

O livro trás três histórias:

*A história que se passará na série.

*A história de Bia, ou melhor, sua vida.

*E a história de uma menina, escrita em um caderno que ela pegou emprestado de Virgílio. O que de todas acabou se tornando a que mais me deixou curiosa pra saber como terminava.

Bia e Virgílio acabam se envolvendo e a parti daqui descobrirmos mais sobre a vida dela. Bia tem uma pessoa. Seu relacionamento com essa outra pessoa é aberto, ambos podem se envolver com outras pessoas, porém eles têm um respeito e um comprometimento com a relação deles também. O que a princípio me deixou com aquele incomodo, pra quem estar acostumada ler sobre relacionamentos monogâmicos custa entender e aceitar esse relacionamento dos dois. Ou ponto, ele não aparece propriamente dito, como estar em uma viajem os contatos que Bia tem com ele é através de e-mail, telefonema e sabemos mais sobre ele através das memórias que ela revive do relacionamento deles. Apesar de tudo, aceito, compreendo e admiro o relacionamento que eles têm, mas isso só veio depois de um tempo de reflexão.

Tenho o livro como espécie de tributo/homenagem (em falta de nomes melhores) a Machado de Assis que é bastante comentado aqui, além de ter um destaque maior com relação a um fato específico. Além dele, ela cita Henry James, Emily Dickinson dentre outros a fim de mostra comprovadamente que os personagem não são apenas um fato da imaginação, que eles podem modificar a vida de que o ler e ganhar forma e destino próprio.

Em relação a isso, Ana Maria Machado chega conversar com a gente, de uma forma instigante ou apaziguadora, além de mostrar em certas partes que a criação de personagem vai além da imaginação e que os fatos pré-determinados podem surpreender até mesmo você que acha que já sabe o fim da história. É quase naquele estilo que Machado de Assis têm, o de conversar com o leitor, instigar a curiosidade, envolver e te colocar de fato dentro da história.

O ciúme é o carro chefe na história, está tão presente como um personagem (o que fez com que eu o reconhecesse como um), ele permeia e passa por todas as três histórias. Porém seu final não é triunfante, ufa! Mas foi o elemento que ligou todas, mesmo que de forma velada.

Tenho ainda muitas coisas a falar sobre o livro, porém por receio de acabar contando demais, creio que devo parar por aqui. Mas antes, só quero levantar outra questão: depois de muito pensar sobre o livro e toda a história, notei que mesmo não tendo ele como favorito nem lhe dando cinco estrelas, ele se tornou um livro marcante. Daí surgiu uma indagação: é válido avaliar um livro apenas em números e não apenas em sentimentos? Não formulei a pergunta de forma clara. Mas o que quero levantar é que apesar dele não ter sido um livro favorito, ele tem seu valor tal qual um favorito. Só pelo mérito de ter feito com que a história continuasse a ser reflexiva e me fazer indagar sobre várias coisas.

Ana Maria Machado não só me mostrou que Bia é uma mulher com ideais, forte e feminista, como também fez com que eu visse que amor vai muito além de todas essas bandeiras que são levantadas. E digo mais, este foi apenas o primeiro livro dela que leio, porque quero ler mais. Bem mais...

Ana Maria Machado teve a audácia de me mostrar uma história que apesar de ser chata em algumas partes onde fatos históricos prevalecem, mostrou que Bia nem de longe é uma personagem comum e igual a tantas por aí, ou pode ser. Bia pode ser eu, pode se você agora ou no futuro. Bia se tornou quase que uma pessoa real, ela teve a audácia de superar o mestre, superou minhas expectativas e mostrou que tudo pode mudar antes da última página chegar. 

Diga aí, vai ter a audácia de ler? Está preparado pra notar que o essencial aqui esta escondido em detalhes, pequenos detalhes?

Espero que tenham gostado.
Um super beijo ;)

12 comentários:

  1. Oba, uma resenha! Eu coloquei esse livro para a meta desse ano. *__*
    Também estou nessa vibe de descobrir autores novos.
    Estou animada que você tenha gostado. Imagino que irei curtir a leitura também.

    Bjs ;)

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    1. Espero que goste ;)
      Foi uma boa descoberta e uma ótima leitura.
      Beijos

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  2. Oi Dani!
    Que livro interessante!
    Eu li vários livros da Ana Maria Machado quando era criança, mas não sabia que ela também escrevia livros para adultos. Fiquei com vontade de conhecer esse "outro lado" da autora!

    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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    1. Não cheguei a ler livro dela quando era criança, aliás só conheço um. Mas quero muito ler outros, ela escreve muito bem. Indico ;)
      Biejos

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  3. Não li nada da autora, mas sinto que me sentiria da mesma forma que você sentiu: compreensão e aceitação. Embora não goste de livros do gênero, esse parece ser bem interessante e fiquei com vontade de ler!

    Virando Amor

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    1. Eu recomendo. Consegui sair da minha zona de conforto e gostei da história, principalmente da forma como a escritora escreve.
      Beijos

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  4. Nunca tinha ouvido falar desse livro e nem da autora. Gostei da resenha!
    http://blogmichaelvasconcelos.blogspot.com.br/

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    1. ;) foi meu primeiro contato com ela, agora quero ler outros.
      Beijos

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  5. Oiii

    Que resenha maravilhosa, não conhecia o livro.
    Add na minha lista, amei, amei a resenha.

    Beijos!

    Cintia
    http://www.devaneiosdeumacindy.blogspot.com.br/

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    1. \o fico feliz que tenha gosto. Espero que leia pra gente poder debater ele.
      Beijos

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  6. Oi, Dany!
    Espero ter, sim, a audácia de ler esse livro. Vivo dizendo que amo personagens femininas fortes e, pela sua descrição, é exatamente isso que encontramos nessa história. Fiquei curiosa à respeito do relacionamento aberto pois, como você bem disse, é difícil encontrar algo assim nos livros (eu, pelo menos, não me lembro de ter lido nenhum que tratasse desse assunto). Também fiquei curiosa à respeito da história dessa menina misteriosa.
    Vou marcar esse livro na minha listinha!
    Um beijão.
    Fê Cardoso.
    http://www.baseadoemlivros.com.br

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    1. \o Fê espero que o leia, pode achei poucas resenha sobre ele e o livro merece mais. Foi uma grata surpresa, não imaginava que a trama fosse ter tantas reviravoltas. Espero que quando o ler, pra assim a gente debater sobre ele.
      Beijos

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