Ninguém saberá da secura de nossos olhos
(20 de dezembro de 1975)
Ninguém saberá da secura de nossos olhos
da dureza de nossa boca ninguém saberá
do fio das unhas da dor no dente
do sangue guardado no fundo da gaveta
ninguém adivinhará os jardins atrás do muro fechado
ninguém quebrará o ferro do portão
ninguém violentará o secreto
ninguém te tocará profundamente
ninguém te saberá
ninguém.
Por isso olhamos as nuvens
sentados ao vento que não sopra
enquanto os balanços rangem
os rádios cantam
e a rua intocável como um quadro
pintado por outro.
Por isso olhamos em volta
e o que se passa além de nossa (uma palavra ilegível)
não nos soluciona
(ninguém sabe
ninguém saberá).
O caule quebrado do girassol
o livro de Toynbee sobre os degraus
a caneta riscando o papel
as nuvens
a tarde
a rua
o medo.
Caio Fernando Abreu
Poesia retirado do site: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/literatura/poesia-caio-fernando-abreu.htm
Oi Dani!
ResponderExcluirQue poema incrível!!! Não conhecia ainda, mas adorei.
Feliz 2016!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Feliz 2016 para você também Sora \o
ExcluirQue possamos fazer boas leituras esse ano *-*
Beijos.
Que poema mais lindo <3 amei!
ResponderExcluirhttp://ginabero.blogspot.com.br beijos Gi
muito lindo *--*
Excluir